quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Por que é tão difícil colocar limites no seu filho (Por Juliana Vines)

Os pequenos tiranos de hoje são resultado do encontro de duas gerações sem limites, diz Tania Zagury, mestre em educação e autora de “Limites Sem Trauma” (Record). 
“Quem está criando filhos agora são os que já tiveram liberdade na infância e estão frente a uma situação que não vivenciaram: os filhos deles também querem fazer de tudo. A liberdade da criança acaba tirando a dos pais.” 
Zagury fez um estudo com 160 famílias no início dos anos 1990, quando já identificava o surgimento da tirania infantil. “Os pais dos anos 1980 tinham sido criados de forma dominadora e queriam uma educação liberal.” 
Entre os anos 1970 e 1980 a criança se tornou ator da história, segundo Mary Del Priore, organizadora do livro “História das Crianças no Brasil” (Contexto). A tendência começou depois da Segunda Guerra. Ao mesmo tempo, surgiram leis de proteção à infância, jovens ganharam visibilidade no cinema e na publicidade e as famílias diminuíram. 
“A mulher [que trabalha fora e começa a tomar pílula] passa a querer ter menos filhos para criá-los bem. E a criança ganha lugar como consumidora. Há uma transformação no papel dos pais”, afirma a historiadora. 

CRISE DE AUTORIDADE 

O problema é que a balança foi toda para o outro lado: da rigidez à frouxidão, analisa o psicanalista Renato Mezan, professor da PUC-SP. “Por um lado, é um avanço social, há mais diálogo na família e mais decisões consensuais. Mas, por outro, os pais têm medo de exercer a autoridade legítima. É uma crise de 
autoridade generalizada.” 
Há também uma inversão de papeis, segundo a pedagoga Adriana Friedmann, doutora em antropologia e coordenadora do Nepsid (Núcleo de Estudos e Pesquisas em Simbolismo, Infância e Desenvolvimento). 
“Há uma ‘adultização’ precoce e, ao mesmo tempo, um prolongamento da infância”, diz. “Não dá para culpar só os pais. Todos são vítimas da tendência sociocultural. 
As crianças estão expostas a um grande número de estímulos e influências da mídia.” Para a psicanalista Marcia Neder, os pais se sentem obrigados a mimar os filhos e há muitas exigências em torno de um ideal da mãe perfeita. “Fica difícil dizer ‘não’em uma sociedade que trata a criança como um deus. O filhocentrismo. 

MAMÃE EU QUERO 
Encontrar o equilíbrio pode ser complicado quando a criança tem entre dois ou três anos, aponta Friedmann. “Elas estão na fase de se descobrirem como pessoas com identidade única. Nesse período, há uma necessidade da afirmação do eu, por isso experimentam um jogo de força com os adultos.”
É fundamental os pais terem clareza sobre quais regras vão impor aos filhos. Só assim conseguirão ser firmes. “Os limites devem ser colocados na primeira infância, quando se constroem as bases da personalidade”, acrescenta Friedmann. 
A psicopedagoga Maria Irene Maluf, membro da Associação Brasileira de Psicopedagogia, lembra que regras dão segurança. “A opinião da criança não deve ser ignorada, mas ela não sabe escolher o que é melhor para ela. Ninguém nasce autônomo.” 
No fundo, mesmo os mais rebeldes gostam de saber até onde podem ir, complementa a também psicopedagoga Betina Serson. Para quem tem um déspota mirim em casa, ela recomenda começar a disciplina estabelecendo uma rotina, um ritmo. 
“A ideia de que colocar limites pode ser danoso à criança é errada”, afirma Mezan. Segundo ele, a inexistência de regras gera ansiedade dos dois lados. “Qualquer renúncia ao prazer imediato passa a ser vivida como uma frustração insuportável pela criança. Muitas vezes, porque seu desejo é logo satisfeito, ela acaba valorizando pouco o que tem”, afirma. 

Artigo extraído em: http://www.antroposofy.com.br/wordpress/ (Biblioteca virtual da Antroposofia) 

domingo, 10 de agosto de 2014

Tempo de vento...

O vento



O vento faz coisas
Que a gente nem vê...
Salpica o chão
De flores de ipê

O vento balança
A trepadeira
A frutinha no galho,
A flor na roseira.

Balança a casa
Daquela andorinha
Agita a nuvem
Tão leve e branquinha.

Belém... Belém...
Balançou o sininho
E na água azul
Levou o barquinho.

E o vento sossega
Depois de brincar
Com os grãos da areia
Com as ondas do mar...

(Maria de Lourdes Serretti)